Jesus entra numa aldeia chamada Betânia, arredores de Jerusalém. Dias antes quis hospedar-se na zona de Samaria, mas os seus habitantes recusaram-se a recebê-lo. Agora, Marta recebe-O na sua casa mas, ainda assim, Jesus não encontra sossego, nem um ambiente de compreensão.
Há uma grande actividade em casa de Marta - limpar a casa, preparar a refeição, limpar as melhores loiças, tudo para receber o Mestre. Marta não tem sossego algum. Afinal, vai receber Jesus na sua própria casa. Quanta honra! Quer tudo pronto para O servir, sem deixar margens para falhas.
Sempre que se aproxima da sala, Marta vê com alguma irritação a sua irmã, Maria, que não faz absolutamente... nada! Imagino Marta a passear-se com a vassoura à frente de Maria, a varrer-lhe os pés para que perceba que tem de ajudar a irmã mais velha. Ou a fazer barulho com a louça, para a irmã deixar de não fazer nada para fazer algo de útil.
É escusado. Maria não sente a vassoura, nem tão pouco o barulho da loiça e talheres.
Marta começa a irritar-se e decide inverter o jogo: "já que Maria não me ajuda a bem, ajuda a mal". E diz, com palavras duras, a Jesus: " Senhor, não se te dá conta de que minha irmã me deixe servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude." (Lucas 10:40). Provavelmente, Marta pensaria que Maria ia ficar envergonhada e prontamente a iria ajudar. Enganou-se...
Ao interromper as palavras de Jesus, Marta habilitou-se a levar uma reprimenda. Num tom de amor compassivo (típico de Jesus), apenas disse à irmã mais velha: "Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas. Mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada" (Lucas 10: 41,42).
Será que Jesus não apreciou a hospitalidade de Marta? Provavelmente não. Antes preferia satisfazer a fome espiritual de alguém, do que matar-lhe a fome física. (João 4:32).
Desta história podemos retirar ensinamentos práticos para a nossa vida de hoje:
- Temos de saber escolher a melhor parte. Actualmente, o mundo presenteia-nos com um número sem fim de práticas que preenchem o nosso dia. Desde a escola ao trabalho, da família aos amigos, do simples sossego a uma noitada com amigos, da televisão à internet, ... Enfim, tantas coisas importantes que ocupam o nosso dia, fazendo-nos esquecer do mais importante: Deus. Quanto tempo dedicamos a Deus durante o dia? Entre uma qualquer actividade e Deus, quem ganha?
- Temos de ter comunhão diária com Jesus Cristo. Não falo de ir à Igreja uma ou duas vezes por semana. Não falo de ir a todas as reuniões de jovens. Falo de comunhão: tu e Jesus. Sozinhos. Durante um período de tempo em que tu falas e esperas Jesus falar. Um tempo em que tu gastas tempo para conheceres Deus, não só para Lhe pedir coisas. Um tempo em que tu O louvas, por tudo aquilo que Ele é, não só pelo que Ele te dá.
Por três vezes vemos Maria aos pés de Jesus:
- a ouvi-Lo (Lucas 10:39)
- em momentos de angústia (João 11:32)
- a adorá-Lo (João 12:3)
E Marta, não amava Jesus? Amava, claro que sim. Mas estava mais preocupada com as coisas materiais do que em gozar da presença Dele. A presença de Deus é o mais precioso que temos, é fonte de vida para quem a procura. Quando buscas a Deus e o colocas no centro da tua vida, em primeiro lugar, Ele vai cuidar de ti e de tudo o que precisas. Não há nada material ou físico que possas fazer para Deus te amar mais ou para Lhe agradares. Ama-O em todo o tempo; louva-O em todo o tempo. O resto vem por acréscimo.
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